Foram 70 filmes inscritos dos gêneros ficção, documentário, animação e experimental. Confira a lista com os 16 curtas selecionados pelo Júri que serão exibidos na programação oficial do Festival no dia 28 de setembro de 2023.
Um garotinho acorda em seu quarto sem se lembrar de nada, nem mesmo de seu nome. Ele não sabe o que aconteceu e nem como foi parar ali, mas não se incomoda por isso. Ele ama seu quarto e, inclusive, tem medo de sair dali. No entanto, conforme passa o tempo, ele começa a se irritar com o fato de estar lá trancado e vai criando coragem para ver o que há do lado de fora.
Uma carta de amor que une Brasil e Cuba. No filme Travessias, a diretora parte em uma longa viagem em busca de entender os sentimentos e transformações passadas por uma pessoa próxima. Neste caminho de dúvidas e inquietações, encontra Justin, um homem trans que vai auxiliá-la nesta travessia. Com um olhar poético e autorreferencial, a diretora nos convida a repensar nossos próprios preconceitos e limites em relação ao outro.
Na beira do Rio , uma lavadeira ouve no vento e nas aguas, vozes que sussurram histórias silenciadas . Os enredos emergem nos movimentos de seu corpo , que dança em uma elipse na qual presente e passado fazem de Joanna a encruzilhada de mensagens as gerações do futuro.
No Quilombo Kalunga, a profecia da Matinta corta o vilarejo-fantasma do Vão de Almas como uma corrente de ar gelado: “Existem vários tipos de Saci. Pererê é aquele menorzinho, que prega peça. Saçurá faz maldade...”
Para muitos povos indígenas, nem sempre o fogo pode ser dominado. Atravessando uma história marcada por fascínio, cobiça, destruição e revolta, o fogo se inscreve nas lutas dos povos oprimidos de todo o mundo. O que resta depois que tudo vira cinzas?
Cartas de Arapuca traça um percurso de bicicleta pelas veredas e estradas da cidade do Conde, na Paraíba. No fluxo, dimensiona muros e guaritas que dão contorno à exploração imobiliária. Ao aproximar do turismo, enseja uma conexão com documentos do Conde da década de 70, que retomam paisagens das lutas de pescadores e agricultores pela permanência na terra. Na companhia de siris e formigas, o filme-carta inventa um mundo com as imagens, desviando do roteiro para acionar processos criativos por meio de brincadeiras que abrem a câmera ao acaso.
O filme ‘Nhãndê kuery mã hi'ãn rivê hê'yn’ (Não Somos apenas sombras) narra, em guarani, a história e os desafios atuais da aldeia indígena Paranapuã, localizada em São Vicente, no litoral de São Paulo, Brasil. O documentário propõe que indígenas se vejam em tela de cinema, como protagonistas da sua própria história.
Ilha da Fantasia é uma meditação visual que se desdobra em um diálogo tênue entre dois mundos. Gravado em Caraíva e Trancoso, litoral sul da Bahia, o filme convida o público a mergulhar em reflexões sobre privilégio, pertencimento e a intrincada teia de conexões que permeiam essa região de beleza paradoxal. As paisagens podem abrigar mais do que a vista alcança - elas podem ecoar com histórias e anseios que nos desafiam a ver mais profundamente."
Em tudo existe música. A palavra e o som têm força. A música de um povo não mostra apenas sua cultura, sua crença e história. A música de um povo os une. O espírito do povo vive em sua música.Sagrado compor é um curta metragem que revela a partir de um encontro multicultural, músicas e canções ligadas ao sagrado de diferente povos e etnias do Brasil.
O documentário acompanhou, por dois anos, o cotidiano da mestre ceramista baiana Dagmar Muniz de Oliveira, conhecida por manufaturar os maiores vasos do Brasil. A artista nos deixou em maio de 2023. Trata-se de uma pesquisa audiovisual sobre a força do matriarcado na luta pela sobrevivência e manutenção de tradições ancestrais, em cruzamento com as etapas de confecção cerâmica: a busca do barro na foz do Jequitinhonha, a secagem e a preparação da argila, a modelagem das peças em família, o enfornamento dos potes e a singular queima em forno caieiras. Um convite à reflexão sobre o fazer do barro e a urgência da salvaguarda desses conhecimentos.
Documentário de curta-metragem poético-musical que apresenta a história de vida de Carolina Rewaptu, uma importante liderança indígena, considerada a primeira Cacica brasileira, sobrevivente de um dos maiores massacres e disputas territoriais do norte do Mato Grosso.
O curta-metragem conta a história da parceria inédita da artista plástica Christina Oiticica com Txatxu Pataxó, artista indígena da etnia Pataxó na produção de telas que foram pintadas por ambos e ficaram enterradas na Aldeia Porto do Boi, no extremo Sul da Bahia.
"Das Águas" mostra o cotidiano de mulheres e homens que vivem da pesca no rio Capibaribe, em Recife, Pernambuco. O filme é um retrato e também um recorte espaço-tempo na história da cidade. A rotina dos pescadores e pescadoras, suas dificuldades e desafios para manter a tradição da pesca e garantir o sustento de suas famílias, suas histórias de vida, os sonhos, as lutas e a relação com o rio, que é parte fundamental da sua identidade cultural.
Uma honra receber o conhecimento e talento de Thiago Lacerda para integrar nossa mesa como membro do Júri.
Gustavo Junqueira é graduado em Comunicação Social (ESPM) e Artes Visuais (FAAP); e pós-graduado em Documentário Criativo pela UAB (Universidade Autônoma de Barcelona). Em sua imersão audiovisual, dedicou-se por 15 anos ao cinema e à televisão, principalmente nas áreas de roteiro, direção e roteiro de edição, participando de diversos reality shows nacionais, além de integrar a equipe realizadora dos curtas-metragens de ficção O Inferno de Lucas, People Change, Ensopado, A Orquídea e o Dente de Leão e no longa-metragem Vagalhão. Em não-ficção, atuou em Os Construtores e assinou roteiro e edição de De Monstruos y Faldas, ambos com ampla visibilidade internacional. Sua pesquisa artística está fundamentada nas diversas possibilidades que o corpo tem de se tornar imagem, dedicando-se à pintura, performance, videoarte e videoperformance, com destaque para participações nas Anuais de Arte da FAAP, exposição Exercício, na Galeria Jaqueline Martins – SP e ainda na mostra Bluring the lines, no Palais des Art da Paris Photo Trabalho plástico, visual e audiovisual, poética onírica voltada para a experimentação, capaz de borrar os limites entre real e o virtual; o documentário e a ficção; e naturalmente, entre a vida, o sonho e a arte.